Reflexões sobre o dia de São Valentim

“O Matrimónio Perfeito é a união de dois Seres, um que ama mais e outro que ama melhor”. A.D.

Quis partilhar convosco algumas reflexões sobre este dia que tanto movimento cria.

Sei o quanto o Dia de S. Valentim parece ser importante, mas a meu ver tornou-se  importante para o comércio e para a nossa mente do que para os nossos corações.

A nossa mente deixa-se enganar com a ideia de que nesse dia algo de especial irá acontecer, que teremos mais uma prova do amor do outro, ou que poderemos provar ao outro o quanto o/a amamos.

Por isso lamentavelmente o dia de São Valentim mais nos afasta do Amor do que nos aproxima dele porque cria condições.

E nada disto tem a ver com São Valentim ou com o comércio, mas sim com a nossa mente, ou melhor, com o ego na nossa mente, que cria essas condições e expectativas ilusórias: “- Se eu lhe der isto…ele/a vai…”; ou “-Se ele/a não me der nada eu vou…” ou “-Se ele/a não me der nada significa que não se importa ou não me ama.”, etc. etc. etc.

E onde está o Amor? Do que tem sido a minha aprendizagem, está nos nossos corações, sem condições, sem competições, sem comparações.

O Amor celebra-se nos momentos difíceis quando o outro nos necessita e estamos lá para ele/a, celebra-se na gratidão de cada instante, de cada olhar, cada toque, cada palavra, cada acção que emana do coração.

Não são os “dias especiais” que nutrem o Amor. É a presença constante. São os pequenos instantes que podemos oferecer naquele que realmente é o verdadeiro momento Presente.

Esforcemo-nos por aprender a amar mais e melhor. Podemos consegui-lo deixando os jogos mentais para trás e permitindo que o amor flua desde os nossos corações.

Reflexão: Sabemos amar? Quando iniciamos uma relação a tendência é para pensar no que queremos receber e não no que podemos dar.

Como é que podemos fazê-lo? Sair da mente não é fácil, é um hábito instalado, mecânico e até quase compulsivo.

A mente absorve tudo o que nos chega indiscriminadamente e se nós não aprendemos antes a filtrar o que nos chega, então estamos a alimentar a nossa mente de todo o tipo de impressões.

Estas impressões, juntamente com as normas sociais, os pré-conceitos, e todo um conjunto de padrões e emoções negativas que muitas vezes já temos, fazem-nos agir de maneira inconsciente e mecânica, ou melhor…fazem-nos reagir. E assim vivemos sem nos dar-mos conta.

O Amor vê-se assim condicionado, limitado na sua expressão. Temos medo de amar, de nos rendermos, sermos vulneráveis e confiar.

Para conseguir deixar que o coração se abra é necessário confiar. Para confiar é necessário compreender. E para compreender é necessário reflectir.

Mas confiar em quem? Reflectir sobre o quê? Compreender o quê?

Confiarmos em nós, na nossa Consciência e Sabedoria Interior, no Divino em nós, no Amor e na capacidade que temos de Amar.

Se reflectirmos bem, o Amor é a mãe de todas as virtudes, é do Amor que nascem todas as qualidades que o Ser Humano possui.

Virgílio expressou muito bem este conceito na sua poesia Bucólicas quando escreve: “omnia vincit Amor; et nos cedamus Amori” – “O Amor tudo vence, cedamos nós ao Amor”.

    1. “omnia vincit Amor; et nos cedamus Amori” – “O Amor tudo vence, cedamos nós ao Amor.”

Quando amamos de verdade somos capazes de confiar, de nos entregarmos, de dar tudo pelo outro sem esperar nada em troca. Este Amor não faz cobranças, mas expressa anelos, não critica mas aconselha, não julga mas perdoa.

Somos capazes de amar assim porque há um Amor maior dentro de nós pelo nosso Ser, a nossa Consciência e é Ele/Ela que está em primeiro lugar nas nossas vidas, não dependemos do outro para a nossa própria felicidade.

Não é conveniente que o outro chegue às nossas vidas para nos fazer felizes, mas sim para nos fazer mais felizes.

Quando compreendemos isto, tornamo-nos responsáveis pela nossa própria felicidade e podemos amar com mais liberdade e desapego.

Já não iremos cobrar ao outro que nos dê algo no dia de São Valentim, ou que nos leve a passear, etc. Seremos nós capazes de o fazer por nós e então tudo o que o outro fizer por nós é um extra e terá outro sabor.

De mão dadas com este Amor está a Gratidão. Agradeçamos cada momento, cada gesto, cada detalhe que a vida nos oferece.

Ter uma actitude de agradecimento é o primeiro passo para nos sentirmos amados ou amadas, não só pelo que os outros neste plano nos oferecem ou fazem por nós mas principalmente pelo Universo, pela Vida, pelo que vem do Alto.