Shiva & Parvati

A união da alma humana com a alma divina

Trimurti com Consortes
Trimurti com respectivas Consortes: Brahma e Sarasvati; Vishnu e Laksmi; Shiva e Parvati.

História de Shiva e Parvati

O Senhor Shiva (destruidor) faz parte da Trindade no Hinduísmo, juntamente com Brahma (criador) e Vishnu (sustentador).

Na realidade Shiva abraça muitas outras funções. Unido à sua Consorte, Sakti, ou a energia primordial, representam o arquétipo do casal perfeito.

Segundo o Shiva Purana, Sakti encarnou numa forma humana como Parvati e deixou Shiva em Kailash, na morada Divina.

Para regressar a Shiva, e recuperar a sua condição de Deusa e Consorte de Shiva, Parvati teria que passar por um processo de transformação.

Este processo incluía devoção, penitências e outras práticas de austeridade e desapego, com o propósito de conseguir eliminar a condição dual que tinha na sua psique enquanto humana.

Grutas em Ellora - India

Shiva e Parvati ao centro, enquanto Ravana tenta mover o Monte Kailash

Ravana representa o ego da luxúria e o ego disfarçado de devoção, o orgulho místico. Representa esses aspectos da paixão e ciúme que vivem entro de nós.

Ravana era considerado um grande devoto de Shiva e um dia tentou levar o Monte Kailash, morada de Shiva e Parvati, para o seu reino (o amor possessivo).

Shiva, não gostou dessa atitude arrogante e orgulhosa, e colocou o peso do seu dedo do pé sobre a montanha, e nessa acção Kailash se revelou inamovível.

Este acto demonstra que é em Shiva que está concentrado todo o Universo.

Este caminho percorrido por Parvati pode ser visto como o caminho arquetípico, da alma humana, que é emanada do Divino (Ser) e se afasta dele, da sua Alma Divina (Shiva), mas que deve regressar a ela.

É um caminho no qual Parvati, a Alma Humana, deseja regressar a Shiva. E Shiva oferece-lhe guia e orientação no seu processo até que Ela se possa voltar a unir a Ele.

Esta união da Alma humana com a Alma Divina, a real união das Almas Gémeas, é representada por este Matrimónio Divino.

Esta viagem de Parvati é uma inspiração para nós, mulheres, para a realização do processo pelo qual também nós devemos passar para nos unirmos a Shiva.

O mesmo processo podemos ver com na viagem de Rama em direcção a Sita, sua Consorte, uma inspiração neste caso para os homens.

Estes casais divinos são uma fonte de inspiração. Deles podemos aprender certos valores e formas de actuação tão necessários para uma relação a dois feliz e plena.

Mas nesse processo, de podermos chegar a manifestar uma forma de amor desinteressada, rendida e até devocional, necessitamos transcender certos aspectos mesquinhos da nossa personalidade, representados, nas tradições espirituais, por esses seres demoníacos, monstruosos ou animalescos. 

Neste caso, Ravana representa alguns desses aspectos que se apresentam numa determinada etapa do processo de purificação do amor.

A união de Shiva & Parvati como uma fonte de inspiração

Partilho convosco um deles valores que é comum a todos estes casais divinos e que é a confiança.

Apesar de tantos desafios pelos quais eles tiveram que passar, incluindo muito tempo de afastamento, algo que não mudava neles era a confiança absoluta no outro.

Esta confiança mutua é uma das fundações numa relação e que a torna numa fortaleza.

Observo em muitos casais que esta confiança não existe. Estão juntos há muito tempo, até casados mas mantêm, segredos, medos de partilhar com o outro quem realmente são, como pensam e o que sentem.

Às vezes é só por medo de perder o outro. O medo torna as pessoas desconfiadas e corrompe as relações.

Esta desconfiança na relação é como uma infiltração numa casa, abre brechas, enfraquece e gradualmente destrói a relação.

Por isso, a confiança é algo que procuro que os casais trabalharem durante o processo de Mentoria, porque sem confiança é difícil, para não dizer impossível viver uma relação feliz.

Mas a confiança necessita de conhecimento. Conhecer bem o outro é o que nos permitirá vir a ter confiança nele.

Shiva Parvati num só corpo, a forma Ardhanarishvara
Ardhanarishvara é uma forma composta de Shiva e Parvati, que representa a união inseparável do masculino com o feminino.

Enquanto a relação de casal evolui, também nós vamos crescendo, evoluindo, desenvolvendo-nos enquanto seres humanos.

É igualmente importante que, no nosso processo de crescimento enquanto seres humanos, possamos “casar” em nós os princípios feminino e masculino.

Esta união, esta integração desses princípios, torna-nos pessoas equilibradas, no dar e no receber, no agir e no repousar, no escutar e no falar, etc.

A dança do feminino e do masculino está em todo o universo, na inspiração e expiração, nos movimentos centrípetos e centrífugos dos planetas, no nascer do Sol e também da Lua…e como está no macro-cosmos, está também no micro-cosmos, ou seja, em nós.

Resta-nos aprender a magia desta dança e deixar-nos levar pelo êxtase que ela nos proporciona.

Shiva Shakti Tandav Dança
Tandava de Shiva é descrito como uma dança vigorosa que é a fonte do ciclo de criação, preservação e dissolução. A dança executada pela esposa de Shiva, Parvati, em resposta ao Tandava de Shiva, é conhecida como Lasya, na qual os movimentos são suaves, graciosos e às vezes eróticos. Alguns estudiosos consideram Lasya a versão feminina de Tandava.